sexta-feira, 4 de abril de 2014

pela manhã

... e um dia acordei, assim tão de manhã que os pássaros gritaram. Era a luz do dia que entrava pela janela da alma e a cegava. Os lábios sabiam a mosto e parecia-me que na noite anterior as bebedeiras se mudaram na pauta entre colcheias e suspiros. Lancei-me nas ondas de borco, e purifiquei, senão a dita, o corpo.

Virgínia de Sá

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

A poesia é um filtro da ternura que às vezes escondo na distância

Posso eu dar se tu não queres?
E tu queres receber?
Ou estou a incomodar-te sem querer?
Banalidades, frases feitas, poesia encomendada...
não se vende, não se compra, assim não me sabe a nada.
A poesia, escapa-se, revolta-se, revolve-se,
não quer ser moldada. Escorre-me pelos dedos e é como a ternura. Já não é filtro. É ela própria.
É água, é vinho, é espuma... ou nem sequer coisa nenhuma. Raiva, luta, decepção. Dança; cor; diapasão.
Ultrapassa a própria tinta na luta da criação. É verbo; é luz; é pão!